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A crise, segunda temporada

By Mike on 22:30

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Nunca fui daqueles que ligam muito às notícias. Sempre tive por hábito ignorar previsões e projecções. Tudo isto porque ninguém se entende, uns inventam de um lado, outros regam de outro. Uns acham as coisas demasiado más para se acreditar, outros acham que isto é o paraíso. Seja lá como for, é algo que estranhamente já começava a ignorar, embora sei que não devia.

Ora não tem muito tempo que noticiaram que Portugal já não estava em recessão, ou pelo menos percebi a notícia assim. Fiquei contente, pensei "Será que é desta que tiram a palavra crise e afins do dicionário? Será que vou conseguir passar 6h sem ouvir essa palavra?". Admito até alguma nostalgia, fiquei com pena desse termo que corria o risco de entrar em desuso.

Então não é que alguém, provavelmente algum saudosista decidiu noticiar que afinal Portugal está na banca rota? Pensei que seria alguma brincadeira de mau gosto, pois Portugal até é um país fantástico do ponto de vista financeiro, livre de qualquer tipo de dívida e que nunca vendeu a sua dívida a nenhuns árabes...mas de certo modo desconfiei, pois o Paulo Portas já naquele tempo andava à procura de submarinos em segunda mão, algo não poderia estar certo...

A notícia porém começou a repetir-se com os dias, na mesma medida que os inquéritos do caso TVI. Estamos mesmo em crise e à rasca, quem diria??!

Mas para não variar, começa a surgir a parte anedótica da coisa. Vão-se reduzir os subsídios de desemprego, querem reduzir pensões e ordenados. Até fazem inquéritos na SIC para ver se existe alguém parvo o suficiente para doar dinheiro ao país em nome de uma crise. Felizmente a percentagem de parvos foi baixa. Admito também que não sou parvo o suficiente para ceder o meu 13º mês, pois parecendo que não até me faz falta. Sei que faço parte da classe de esbanjadores (segundo a classe dos iluminados e sagrados banqueiros, que até nunca ajudaram à festa), mas creio que tenho todo o direito de ganhar o que mereço (e que nem ganho, curiosamente). E não é por nada, mas será que baixar ordenados não levará a greves, revoltas, confusões, tipo bronca da grande? Parecendo que não, baixar os ordenados e pensões de banqueiros, políticos, gestores libertaria uns milhões de uma forma bem mais fácil e o que até é giro é que eles nem podem fazer greve e não daria assim muita chatice e tal...

Mas deve ser de mim, que penso tudo ao contrário...

PS: A quantidade de ironia que tive de utilizar para efectuar este texto, se taxada pelo ministério das finanças deixaria-me tecnicamente falido! Mas é melhor estar calado e não dar ideias! Sorte a minha esta epidemia de falta de ideias dos cotas lá de cima!